O Igba Awo é um espetáculo performativo e sonoro protagonizado por Nina Fola e dirigido por Thiago Pirajira. Com base nas musicalidades negro-africanas, o projeto propõe apresentar ao público o processo de criação artística em formato aberto. A próxima “ativação”, como são chamadas as apresentações, será nesta sexta-feira (13), às 20h, no Espaço Marcelina, em Porto Alegre, com entrada franca.
A proposta é revelar o percurso artístico em sua construção, com foco na experimentação coletiva e no conceito de “afrotempo”. “Este é um projeto voltado totalmente para o processo de criação”, afirma Pirajira, que é diretor, ator e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). “Aqui a luz está sobre a criação, sobre a caminhada desses artistas, sua conexão com os elementos fundamentais”, complementa.

O processo parte da resistência social e cultural negra-africana e valoriza mulheres negras de terreiro. Palavras, sons e estratégias que ampliam a humanidade negra frente ao mundo antinegro.
O espetáculo é construído em torno da cabaça (igba), símbolo mítico africano associado ao “ventre do mundo” e à transmissão de saberes. Um objeto que guarda segredos (awo) ─ instrumento que possibilita o o à comida e à água e que também pode ser uma caixa amplificadora de sons.
Sons, palavras, elementos naturais e instrumentos formam a base de uma performance sonora e corporal. Wagner Menezes assina a paisagem sonora. “É algo que nos torna mais fortes a cada encontro, com liberdade para experimentações”, diz.
Narrativa periférica e negra
Nina Fola destaca o impacto do projeto em sua trajetória de mais de 30 anos na cultura de matriz africana e afro-brasileira: “A transformação que este projeto está assegurando ao meu trabalho, que é atravessado pelo machismo, racismo e classismo, é imensa.”
A artista enfatiza a importância do apoio à criação independente. “A liberdade do criar e sonhar deve ser ampla para todos, incluindo o artista que não tem poder econômico para subsidiar esse tipo de processo sem apoios externos.”
A cenógrafa Marisol Machado aponta a ativação artística como eixo do projeto, com diálogo entre tradições afro-brasileiras e experiências urbanas. “Projetos como este são fundamentais para incentivar uma produção que emerge de narrativas periféricas e negras”, afirma.
As chamadas “ativações” são apresentações experimentais com presença de público. Já os “ensaios técnicos” envolvem análise entre equipe artística e técnica. Todo o processo é registrado em vídeo e som. A figurinista Flávia Nascimento reforça o caráter coletivo da criação: “O que as mãos fazem está ligado à ancestralidade, à religiosidade e ao tempo.”
Serviço
Igba Awo – apresentação do processo artístico
Quando: Sexta-feira (13), às 20h
Onde: Espaço Marcelina – Rua do Parque, 213 – São Geraldo, Porto Alegre (RS)
Entrada franca
Redes do projeto: @igbaawo
