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Deputado estadual constituinte do Rio Grande do Sul (1987-1990); Participante da Ciranda pelo CEAAL Brasil, CAMP e Articula PNEPS-SUS.

O amor vivido, o amor recebido. Viva a vida!

A vida tem suas idas e vindas, suas voltas e reviravoltas, especialmente quando a idade chega e pesa no cotidiano

A vida tem suas idas e vindas, suas voltas e reviravoltas, especialmente quando a idade chega e pesa no cotidiano. Você olha ao redor e vê quase só destruição. Às vezes, a na cabeça, e é verdade, que, como hoje a informação é infinitamente maior que em outros tempos e épocas, as coisas aconteciam e a informação não chegava. Nos tempos atuais, com as redes digitais, com câmeras filmando tudo em todos os lugares, não há acontecimento, ou crime, ou desastre que não apareça imediatamente em qualquer lugar, a qualquer hora do dia ou da madrugada. 

Os tempos estão muito difíceis em todos os sentidos. Quando as dificuldades aparecem, é preciso estar preparado. É preciso atenção e cuidado.

Nos últimos anos, todas e todos foram (fomos) atingidos direta ou indiretamente por fenômenos antes nunca vistos, em escala global: a pandemia do coronavírus, os desastres climáticos, especialmente no Rio Grande do Sul, a violência crescente e diária atingindo famílias e comunidades, a volta da fome no Brasil.

Quando o inesperado também chega no plano pessoal, a dimensão de tudo se avoluma. É preciso aconchegar-se, cuidar de si, cuidar do mundo e do planeta, cuidar da Casa Comum.

Não está fácil viver hoje. Nem conviver.

As guerras assombram o mundo. A paz parece estar cada dia mais longe. Não há diálogo. Só há mortes, o povo palestino sendo dizimado, sem líderes mundiais nem a Organização das Nações Unidas (ONU) capazes de, pelo menos, negociar um tempo de trégua. Pelo contrário. O uso de armas nucleares parece estar cada dia mais próximo.

As ameaças à democracia em muitos países estão no cotidiano. No Brasil, não se vê quase nenhum gesto ou atitude de buscar caminhos que pensem o futuro com alternativas. O Congresso está em embate permanente para manter privilégios. O governo Lula não consegue tranquilidade para encaminhar seus projetos e seu plano de governo. As elites conservadoras e a ultradireita continuam no debate antidemocrático e na busca de uma retomada de hegemonia sem pensar no povo.

Os crimes diários, a violência cotidiana assombram todas e todos, especialmente o povo da periferia, os mais pobres entre os pobres, as mulheres, as juventudes, o povo negro e LGBTQIA+ e a população de rua. Até setores da classe média não estão mais tranquilos. É preciso pensar duas vezes para ir para a rua, ou andar, mesmo ao redor de casa, com celular na mão. Os feminicídios estão presentes no noticiário em situações completamente absurdas.

O tráfico está tomando conta de diferentes espaços, e não só nas periferias. Não há liberdade para circular. Os assassinatos, com tiroteios, acontecem em todos os lugares e de todos os jeitos, atingindo inocentes, muitas vezes.

Acidentes inexplicáveis acontecem, como o do avião na Índia. Mas estão também nas ruas, nas estradas. Às vezes parece que as pessoas perderam todo controle e o juízo.

A crise da saúde é quase total. Doenças, hospitais superlotados, com, muitas vezes, suas tristes consequências, para famílias e comunidades.

A crise climática não acontece só no Rio Grande do Sul. Está em todas as partes, assombrando comunidades, trazendo tristeza, sofrimento e mortes.

Estamos de fato numa civilizatória, como vive dizendo e repetindo Frei Sérgio Görgen, nas suas análises de conjuntura. Crise civilizatória da qual que não se vê saída no plano imediato, no curto prazo.

A análise está sendo pessimista demais, ainda mais vindo de quem sempre foi otimista, e acreditou mais na esperança que no desespero?  O que fazer ante tudo isso?

São mais do que necessárias e urgentes políticas públicas com participação social e popular como prioridade absoluta: na saúde, na segurança pública, no meio ambiente e cuidado com a Casa Comum, especialmente.

É preciso Formação na Ação nas atividades, iniciativas e ações de militantes, educadoras e educadores populares, revolucionárias-es, sonhadoras e sonhadores da utopia. E juntando o Pão, a Palavra e o Projeto, seja nas Cozinhas Comunitárias e Solidárias, nas mobilizações e lutas, na construção do Plebiscito Popular de 7 de setembro e na preparação da COP 30.

Mesmo assim, de vez em quando, a vida é mesmo muito boa. A solidariedade é vivida no cotidiano de famílias e comunidades. É o amor vivido, é o amor recebido, dando luz e esperança. E nem sempre o amor dado é dado ou retribuído em grau suficiente.

Há momentos na vida em que é preciso agradecer, de mãos dadas, de preferência. Porque ‘ninguém solta a mão de ninguém’.

*Este é um artigo de opinião e não necessariamente representa a linha editorial do Brasil do Fato.

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