O tema do clima está na pauta de todos os países.
Também pudera, estamos em risco! Lamentavelmente muitos (ir)responsáveis continuam destruindo a natureza ao invés de auxiliar na sua recuperação. São piores do que negacionistas.
Já vimos qual o principal motivo de todo o desequilíbrio que já provocou e deve continuar provocando desastres climáticos.
É necessário melhorar nossas defesas e modificar nossos modos de vida e de proteção.
Já vimos que os gases de efeito estufa (GEEs) são necessários para reter parte do calor dos raios solares infravermelhos para manter a terra aquecida e para a natureza realizar funções essenciais. Não mais do que isto! E aí está o grande problema. Enviamos para a atmosfera muito mais GEEs do que o necessário, que, por sua vez, aumentam a retenção de calor, sobreaquecendo o planeta, o que provoca todos os distúrbios em andamento. O maior volume de GEE emitido é o dióxido de carbono (CO2).
Precisamos urgente e intensamente reduzir a geração de GEEs, bem como captar o máximo possível destes gases já emitidos.
Possuimos uma “verdadeira máquina” que usa o CO2 emitido e calor para seu desenvolvimento e cria um conjunto fundamental de benefícios, atuando fortemente para reequilibar a natureza.
São as árvores e a vegetação em geral.
Funciona? Vamos rever um exemplo extremo e verificar como os benefícios são gerados para nossa proteção e bem estar.
Medellin era a capital mundial do narcotráfico. Pablo Escobar, com seu cartel e disputando a hegemonia com o cartel de Calli, dominava a Colômbia com seu “negócio” e realizava incontáveis mortes. A Colômbia e Medellin superaram esta situação.
O que se agravou em Medellin foi em decorrência da sua situação geográfica e da geração local de poluição.
Está situada numa grande região metropolitana, num vale profundo – Aburrá – cercado por altas montanhas da Cordilheira dos Andes. A poluição e o calor simplesmente não dispersavam colocando em risco seus dois milhões e meio de habitantes. Esta situação atingiu seu ápice em 2016, quando a universidade local chamada Antioquia registrou nada menos de 1971 mortes precoces.
A solução, que já estava em andamento, foi acelerar a implantação de 30 corredores verdes, envolvendo todas as avenidas, águas correntes e grandes parques ecológicos.
Fundamentalmente foram coletadas sementes de espécies locais, incluindo frutíferas, misturando-as e semeando-as. Ao todo foram geradas 880 mil árvores, complementadas com dois milhões e meio de pequenas plantas, plantadas em todo lugar, inclusive em jardins horizontais de paredes cegas.

Medellin hoje convive com verdadeiros matos. A ex-capital mundial do narcotráfigo hoje é reconhecida e premiada mundialmente como a “capital da eterna primavera”.
O que realizam estas “máquinas da natureza”, árvores, pequenas plantas, algas e até bactérias?
Crescem e vivem através da fotossíntese, que é um processo biológico que converte os raios solares luminosos em energia química, utilizando fundamentalmente água, dióxido de carbono e energia solar (calor), produzindo glicose e oxigênio. Para incorporar o calor capta da atmosfera o enxofre, gás muito prejudicial à saúde, em especial ao sistema respiratório. Com o enxofre gera a clorofila, pigmento que capta o calor necessário. Em relação ao dióxido de carbono, incorpora o carbono e libera o oxigênio, que irá purificar o ar.
As árvores ainda captam outros poluentes como o monóxido de carbono (CO), metano (CH4), ambos também GEEs, material particulado (poeiras, cinzas, fuligem) e até metais pesados e outros. Além de purificar o ar ainda impede que os poluentes cheguem ao solo.
Vejam só quantos benefícios: captação de GEEs, calor e poluentes, incorporação do carbono e liberação de oxigênio, gerando purificação do ar e do solo, além da melhoria e beleza urbanística.
Muito mais: com a captação de calor e sombra, amenizam o clima. Ainda são reservatórios de água, retendo parte da água das chuvas, reduzindo alagamentos (integram o conceito de cidade esponja). Também realizam a evapotranspiração para a formação das nuvens. As grandes florestas como a Amazônia são formadoras dos rios voadores, blocos de nuvens que levam chuvas a diversas regiões da América do Sul.
As derrubadas de árvores são um dos principais fatores de geração de GEEs brasileiros, precisam ser eliminadas. Em 2024 tivemos uma redução de 34,2% de derrubadas em relação a 2023. No RS tivemos um forte aumento em 2024, não só com as derrubadas, mas também pelos desmoronamentos em maio-24. Tudo precisa ser evitado.
A arborização igualmente é muito benéfica no meio rural, em meio às pastagens e plantações.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) está realizando um processo para a formação do Plano Nacional de Arborização (PlaNAU) vinculado aos municípios principalmente, como deve ser, tratado como assunto local. A audiência do sul ocorrerá nos dias 24 e 25 de junho, em Curitiba (PR).
A arborização de uma cidade, por óbvio, requer a superação de conflitos como a compatibilização com a infraestrutura urbana e com as redes de serviços, especialmente os circuitos elétricos, cabendo a realização permanente de podas e uso das redes ecológicas. E também a superação do preconceito de que as folhas das árvores sujam a cidade.
Qual o tamanho de arborização e vegetação deve ter uma cidade? O exemplo de Medellin, com as devidas adaptações locais, cabe em todos os municípios. Custa pouco e é muito eficiente.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda 36 m² por habitante, nunca devendo ser menor do que 12 m² por habitante.
Como exemplo citamos Porto Alegre, tida como a capital brasileira mais arborizada, e que tem sido literalmente deflorestada, registra na internet como tendo 17 m² por habitante. Quem viveu aqui o verão ado sabe o quanto foi inável e insalúbre. Certamente cumprindo no mínimo os 36m² por habitante da OMS, teremos uma cidade mais habitável, saudável, bonita e atraente.
**Este é um artigo de opinião e não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.